Através de fontes primárias, notadamente os textos das forais e cartas de doação e mapas da época, procura-se (re) desenhar o mapa das Capitanias hereditárias no momento de sua criação. Já foi publicado o primeiro artigo, modificando esse mapa das Capitanias Hereditárias. O Projeto continua analisando mapas que retratam as configurações subsequentes: o de Bartolomeu Velho e o de Luis Teixeira.
Capitanias Hereditárias
(Luís Teixeira. Roteiro de todos os sinais...,
c.1586. Lisboa)
Recentemente, um estudo do engenheiro Jorge Cintra, professor de História da Cartografia na Escola Politécnica, mostrou que há uma série de erros na visão tradicional e propõe alterações no desenho tradicional das capitanias hereditárias. Entre as alterações, estão um traçado vertical, e não horizontal (meridianos e não paralelos), para as capitanias do Rio Grande para cima, bem como um traçado com linhas correndo a noroeste para a capitania de São Tomé e para o primeiro lote da capitania de São Vicente. Essa nova proposta baseia-se em documentos primários: em um mapa da época, o de Bartolomeu Velho (que supõem um traçado como o dessa proposta) e nas cartas de doação cujos originais consultados estão na Torre do Tombo em Portugal. As cartas de doação, além das léguas de cada capitania, indicam a direção das linhas divisórias. Nelas está presente o rumo das divisas ao sul e, por inferência, as linhas ao norte, que não podem ser para oeste pois nesse caso, pela conformação da costa, haveria uma capitania só de água. Os textos referentes aos lotes ao norte indicam que as linhas correrão pelo sertão adentro e acrescenta que irão até os limites da soberania portuguesa e que não deverão superpor-se a outras terras já doadas a outro capitão. Essa cláusula restritiva só faz sentido se essas divisas não são paralelas às linhas das demais capitanias, pois nesse caso não haveria conflito.
O professor Jorge Cintra, da Poli/USP, teve dúvidas sobre alguns detalhes do mapa das Capitanias Hereditárias, e ao estudar documentos originais descobriu incorreções. A alteração proposta por ele não muda a análise daquele período histórico. Isso prova que a cartografia não é estática e que os mapas podem ser aperfeiçoados a partir da consulta atenta de documentos originais e pelo uso de novas tecnologias. Veja um trecho do vídeo em que o professor Jorge Cintra explica sua pesquisa.
O mapa das capitanias hereditárias criadas no século XVI, quando o Brasil era colônia de Portugal, pode estar errado. Uma pesquisa divulgada recentemente na revista "Anais do Museu Paulista" contesta o traçado do mapa e apresenta uma proposta que pode mudar o ensino de história.